Subiu no telhado a fusão entre o PSDB e o Podemos. Os caciques nacionais combinaram, mas esqueceram de fazer o mesmo nas esferas estaduais. O resultado: houve o recuo e possivelmente não haverá mais formalização. A questão local é preponderante e mostra que os partidos não existem para além da personalidade jurídica. São meros arranjos políticos, que sustentam todo o sistema.
A Bahia pode ser usada como um exemplo de como as diferenças se sobrepuseram ao acordo nacional. Os tucanos baianos são oposição ao governo estadual – e têm o líder da oposição, Tiago Correia -, enquanto o Podemos não é apenas base de sustentação de Jerônimo Rodrigues como também publicizou esse apoio na véspera da anúncio de que a federação iria sair. Ou seja, delimitou espaços para evitar surpresas.
Os caciques nacionais fingiram que isso não seria problema. E, na tentativa de evitar que ambas as siglas definhem, se apressaram em fazer anúncio. Esse episódio envolvendo PSDB e Podemos acende o alerta para esforços para juntar legendas que estão diametralmente distintas no campo político nacional ou estadual. As estratégias criadas para a sobrevivência de partidos por meio das federações ou de fusões precisam ser melhor estudadas, pois abrem risco de apagamento de tradições políticas – ainda que alguns partidos estejam quase extintos.
Ainda que seja o caso de uma federação ao invés de uma fusão, a aproximação entre MDB e Republicanos também pode ter um destino parecido com o frustrado esforço entre PSDB e Podemos. Os nomes nacionais das siglas até conversam, porém é improvável que, na Bahia, haja um acordo favorável, especialmente quando se discutir a questão do controle partidário. O MDB tem pouca representação parlamentar, apesar da capilaridade. Já o Republicanos é bem representado na Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa, mas tem menor capilaridade. Só que o primeiro é governista e tem o vice-governador Geraldo Jr. E o segundo é oposição raiz. Alguém consegue imaginar os Vieira Lima perdendo a cadeira de negociadores para Márcio Marinho e companhia?
Apesar das diferenças, a federação União Brasil e Progressistas talvez seja uma das poucas a ser viável na Bahia. Mesmo que os deputados estaduais do PP migrem para partidos aliados de Jerônimo, a imposição nacional suplantou qualquer tentativa de rebeldia. Isso envolve um pouco de pulso mais forte no âmbito nacional e também uma divisão interna local, que permitia o avanço da federação ainda que a contragosto de alguns. Possivelmente essa pode ser uma das poucas uniões de “opostos” a vingar para 2026.
É importante que os partidos políticos busquem alternativas de sobrevivência. No entanto, é preciso que esse jogo seja combinado nas mais diversas instâncias antes de ser tornado público oficialmente. O alerta foi ligado por PSDB e Podemos. Será que outras legendas vão aprender com os erros alheios?
Fonte:bahianoticias