Opinião: Entrevistas simultâneas de ministros e agendas positivas tentam estancar sangria do governo Lula na Bahia

Não é mero acaso que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tenham estado nos telejornais matutinos baianos nesta quinta-feira (5). Há uma clara tentativa da comunicação federal em conter a sangria que atinge a avaliação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O “mago” Sidônio Palmeira sabe como funciona a lógica da comunicação em locais como a Bahia, onde ele se criou, e reconhece a relevância desse tipo de abordagem para melhorar a imagem de um governo.

Rui está em franca campanha para 2026 e isso não é segredo para ninguém. No caso dele, os temas foram imbricados com os de interesse do governo da Bahia, como a ponte Salvador x Itaparica, a ponte sobre o Rio Jequitinhonha, no extremo sul, e o metrô até o Campo Grande na capital baiana. O chefe da Casa Civil é citado até como um eventual substituto de Jerônimo Rodrigues, caso a avaliação do atual governador chegue claudicante nas vésperas da disputa eleitoral do próximo ano. A situação é improvável, mas nunca inteiramente descartada. Todavia, Rui garante também visibilidade para ser candidato ao Senado, desejo reprimido desde 2022.

Tradicionalmente, o ex-governador prefere conceder entrevistas em veículos de imprensa que tendem a não o pressionar com perguntas capiciosas, algo que dificilmente aconteceria em um telejornal com o formato do Jornal da Manhã, da TV Bahia. Além disso, os temas escolhidos, a maioria deles “leves” e positivos, controlariam qualquer investida mais dura dos jornalistas. Ou seja, a Rede Bahia sai “fortalecida” com o ministro da Casa Civil concedendo entrevista e o próprio Rui ganha visibilidade sem muito esforço e sem ser colocado contra a parede.

Já Padilha, que se for candidato não será pela Bahia, concentrou-se nas ações da saúde nos últimos meses. Os temas oscilaram entre vacinação contra influenza, dengue e até mesmo canetas emagrecedoras. Para o Bahia no Ar, da TV Record, também há uma valorização do veículo, ao mesmo tempo em que ações positivas do governo Lula ficam em evidência. Ou seja, um jogo de ganha-ganha – mesmo porque o telejornal da Record Bahia tende a ser mais popular, cujo tema saúde se torna mais impactante (lembremo-nos que o escopo de público da TV Bahia é mais vinculado a formadores de opinião e à classe média, justificando a escolha de cada ministro para cada uma das emissoras).

Tanto Rui Costa quando Alexandre Padilha participam ainda de uma agenda conjunta na entrega da reforma e ampliação do Hospital Especializado Octávio Mangabeira (HEOM). Tudo sob justificativa de uma agenda oficial, ainda que haja interesses político-eleitorais nessa passagem pela Bahia, incluindo as entrevistas citadas.

Completa ainda a “trinca” de ministros na Bahia o titular dos Transportes, Renan Filho, que vem à Bahia para anunciar alterações na interdição da ponte sobre o Rio Jequitinhonha, citada nominalmente por Rui durante entrevista na Rede Bahia. Com repercussão negativa, a interdição deve ficar restrita a veículos de grande porte, diminuindo protestos de pessoas comuns que precisam utilizar o equipamento. Em resumo, mais uma pauta positiva para o governo federal – e consequentemente para o governo da Bahia (Lula e Jerônimo precisam estar umbilicalmente conectados para o sucesso em 2026).

Sidônio sabe onde as corujas dormem e iniciou uma ofensiva para melhorar o desempenho de Lula. A estratégia das entrevistas simultâneas e a passagem de ministros com agendas positivas pela Bahia são alguns sinais de que ele tem movido os pauzinhos para fazer a comunicação melhorar. Não só de Lula vive o governo. É preciso ter mais que isso para ganhar a eleição.

Fonrte:bahianoticias