Pacientes relatam infecções nos olhos após mutirão de cirurgias em hospital; medicação vencida foi utilizada nos procedimentos

Um mutirão oftalmológico realizado no Hospital de Clínicas de Campina Grande, na Paraíba, na última quinta-feira (15), virou alvo de investigação após pacientes submetidos a procedimentos relatarem complicações graves, como casos de infecção e até perda total da visão. Além disso, medicamentos vencidos foram encontrados entre os que foram utilizados na ação.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB), 64 pessoas participaram do mutirão, que foi realizado através de uma parceira entre a pasta e a Fundação Rubens Dutra Segundo. Na segunda-feira (19), quatro dias depois, nove pacientes apresentaram desconforto persistente e baixa visão, e mais de 20 pessoas relataram sintomas após os procedimentos. 

Foi o caso da pedagoga Errta Rianny Rodrigues Mendes, de 43 anos, que participou da ação para tratar uma condição crônica que combina baixa visão, miopia grave e glaucoma. No dia do mutirão, ela recebeu uma segunda aplicação de injeção ocular, mas, agora, afirma que perdeu a visão.

Apesar de ter sido submetida a um novo procedimento cirúrgico na terça-feira (20), em João Pessoa, a mulher diz que “não enxerga nada”. “Estou sofrendo, tenho crise de ansiedade e síndrome do pânico”, disse, em entrevista ao g1.

Anita Terina da Costa, de 89 anos, também perdeu praticamente a visão do olho esquerdo após o procedimento. A idosa tratava um edema macular há cinco meses, com aplicações mensais que apresentavam resultados positivos. No entanto, após o mutirão, há apenas 2% de chance de Anita recuperar a visão.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), ao menos 6 dos 30 frascos da medicação utilizada nos procedimentos estavam vencidos e abertos. Após a repercussçao do caso, o contrato com a empresa foi rompido.

A pasta ressaltou que os profissionais e o fornecimento de materiais utilizados durante o procedimento são de “responsabilidade exclusiva da Fundação Rubens Dutra Segundo”. 

Possíveis irregularidades durante as cirurgias oftalmológicas estão sendo apuradas. A SES instaurou processos administrativos para investigar as responsabilidades da empresa e as condutas adotadas no caso.

Já o Ministério Público da Paraíba abriu uma investigação sobre os casos dos pacientes que relataram complicações como infecções e perda de visão. A promotora de Justiça Adriana Amorim determinou que a Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES-PB) apresente, em até 10 dias, informações detalhadas sobre o mutirão, além da relação dos profissionais envolvidos. 

Fonte:bnews